Número de contratação de profissionais com deficiência bate recorde

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Rafael, deficiente auditivo, inspeciona pneus na continental.
Rafael, deficiente auditivo, inspeciona pneus na continental.

A presença de profissionais com deficiência no mercado de trabalho tem crescido no País. Um levantamento feito pelo extinto Ministério do Trabalho revelou que, em 2018, o número de contratações de pessoas com deficiência (PcD) bateu recorde no Brasil, com mais de 46,9 mil profissionais ingressando no mercado de trabalho, um crescimento de 20,6% em relação ao ano de 2017. Os números do ano passado são os maiores desde 2003, quando começaram a ser registrados.

Parte deste resultado é uma consequência da lei das cotas, que obriga empresas com mais de 100 funcionários a terem em suas equipes de 2% a 5% de pessoas com deficiência.

A Cencosud Brasil é a quarta maior supermercadista do Brasil e possui em seu quadro de funcionários mais de mil pessoas com algum tipo de deficiência, espalhados pelas redes GBarbosa, Perini e Mercantil Rodrigues. Dentre eles encontra-se Jacilda Costa, funcionária do Mercantil Rodrigues há seis anos, que possui visão monocular, ou seja, enxerga com apenas um dos olhos, ocupando hoje o cargo de analista de recursos humanos (RH), mas já chegou a trabalhar numa confeitaria.

“Apesar de este não ter sido meu primeiro emprego, eu sempre percebi muito o preconceito, que infelizmente ainda existe, de que ‘deficiente não é capaz’, mas aqui no Mercantil não existe isso”, avalia Jacilda. “A lei das cotas ajudou muito neste sentido, já que esse preconceito sempre atrapalhou muita gente, principalmente quem tem algum tipo de deficiência física”, reflete.

Jacilda conta que tem sido uma oportunidade muito benéfica, pois todos os PcDs são tratados igualmente, e se sente muito grata, pois aprende muito na empresa, tendo, inclusive, desenvolvido o desejo de fazer faculdade em gestão de RH. Ela também se sente incentivada a sempre evoluir, e que se pôde se tornar analista, foi porque existiram pessoas que acreditaram nela.

Gerente de RH da Cencosud Brasil, Auda Farias reforça que, ao contratar pessoas com deficiência, eles estão trazendo diversidade para a empresa e promovendo a inclusão. Hoje, a rede possui mais de 450 de colaboradores que possuem algum tipo de deficiência.

“No geral, temos experiências muito positivas, pois eles se mostram profissionais engajados, comprometidos e recebem o apoio da empresa para se desenvolverem e crescerem”, explica Auda. “Eles participam da integração e dos treinamentos junto aos outros colaboradores e também contam com o Campus Cencosud, plataforma e-learning da Cencosud, que traz informações sobre a empresa, como código de ética, cultura e processos, além de temas ligados a diversidade e inclusão”, salienta, explicando como os funcionários são integrados ao ambiente da empresa.

Um pouco mais ao norte de Salvador, Rafael Bomfim é deficiente auditivo e funcionário da Continental Pneus, fábrica que funciona em Camaçari. Acompanhado da intérprete Cristiane Lima, ele relembra que foi pessoalmente à empresa para entregar o currículo, pois não estava se sentindo bem em seu último emprego, então resolveu ir a procura de uma melhoria de vida.

Ele conta que gosta do trabalho, pois é bastante diverso e dinâmico, onde ele pode evoluir cada vez mais, com ânimo. Estando na empresa desde o começo do programa de contratação de pessoas com deficiência, Rafael já trocou de área, onde antes fazia a retocagem dos pneus, algo que precisa de bastante atenção; hoje, ele inspeciona os pneus, atividade que possui uma exigência muito alta.

Modelo para a sociedade

Cristiane conta que, durante o processo de admissão, os funcionários fazem prova, entrevista, exames, visita, treinamento e, em seguida, são alocados nas áreas que irão trabalhar. Em levantamento feito em junho deste ano, a fábrica da Continental possuia 112 PcDs em seu quadro, sendo 52 deles surdos ou com alguma deficiência auditiva.

“Tudo isso é importante tanto para eles quanto para nós também e toda a sociedade”, conta Patrícia Guerreiro, funcionária de recursos humanos da Continental. “Nós ganhamos um lucro de cultura, tolerância, aprendemos a lidar com as dificuldades e isso torna a equipe fortalecida, nos tornando também um modelo para que a sociedade aprenda a tratar quem tem alguma deficiência como iguais, dando oportunidades a todos”, diz.

Patrícia cita também que não existem cargos que sejam específicos para PcD, porém existem aqueles que são mais ajustados para recebê-los, como, por exemplo, o setor de retocagem de pneus, onde a maioria dos deficientes auditivos estão, pois são pessoas que possuem capacidade de concentração maior para perceber pequenos problemas.

“Quanto ao suporte da empresa, todos são tratados de forma igual, sem privilégios”, aponta Guerreiro. “A única diferença está na questão da segurança, onde colocamos identificações verdes nas vestes dos PcDs, para que as pessoas possam identificá-los mais facilmente, podendo evitar acidentes, principalmente com as empilhadeiras, onde também colocamos refletores bem fortes, para que eles percebam quando elas estão se aproximando”, explica.

*sob a supervisão da editora Cassandra Barteló

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